Troço da Muralha Medieval

Monumento
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O centro histórico de Torres Vedras, cuja ocupação humana remonta à Idade do Ferro, abrange os bairros outrora cingidos pelas antigas muralhas, já desaparecidas. A demolição de um edifício na Rua Cândido dos Reis – antiga Rua da Corredoura – pôs a descoberto vestígios da muralha medieval da antiga vila.

Neste local, onde a muralha atingia o seu limite nascente, situava-se a Porta da Corredoura, uma das quatro entradas da vila historicamente documentadas.

A mais antiga referência conhecida à muralha data de 1442, ano em que se assinala que a casa de Teresa Luísa de Jesus, situada “junto aos canos”, “parte com ho muro e com rua da corredoira”. Apesar de irreparavelmente danificadas pelo terramoto de 1531, as muralhas mantiveram a sua função de controlo sanitário até ao final do século XVI. A partir do século XVII, foram sendo demolidos os troços arruinados e as portas de Santana (1641) e da Várzea (1734). O terramoto de 1755 terá destruído o que restava das antigas muralhas da vila.

Em 1859 foram encontrados, no lado sul da rua, vestígios da Porta da Corredoura, contígua ao Chafariz dos Canos, incluindo elementos do seu arco e do trancadouro. Os vestígios que aqui se observam são as fundações de um troço que, procedente de noroeste, infletia em direção à Rua Cândido dos Reis, alcançando-a perpendicularmente. O muro, com uma espessura superior a 2 metros, tinha as faces externas em cantaria e assentava num embasamento de blocos dispostos verticalmente sobre o solo.

Estes vestígios permitem confirmar a existência da muralha e atestar a sua orientação. Associada à muralha foi ainda detetada a antiga Vala Real (século XVIII), encanada em meados do século XX, para onde corriam as águas sobejantes do Chafariz dos Canos.